“O tocador de requinta desafia os tempos e as mudanças que estes suscitam, integrado ainda nos usos e costumes dos povos orientais. Não o dispensam em certas cerimônias, principalmente ligadas à religião tradicional, como uma figura de certo destaque.
Vemos o tocador junto dos templos budistas como a lançar um apelo aos crentes que passam e a vincar as solenidades com os sons agudos que o instrumento emite, constituindo uma das suas mais distintas características.
Quem não está habituado não suporta e quem o venha a suportar não o faz por gosto mas unicamente por acomodação.
Formados em conjunto, com uma melodia que aos ouvidos ocidentais não passa duma uniformidade de sons sem qualquer harmonia, são contratados para funerais, cuja pompa ainda hoje em dia assinala a posição de riqueza da família do defunto. E o número de bandas chinesas cresce na proporção do orgulho doméstico que sente brio em manifestar o seu grau de fortuna pelo espavento do cortejo fúnebre que , em Macau, chega a percorrer diversas ruas, com um acompanhamento que exige por vezes a paralisação do Trânsito.
Não constitui, geralmente, uma profissão que possa trazer o sustento integral de qualquer família, mas uma ocupação eventual que possibilita uma achega ao modesto orçamento doméstico.
Embora rareando, o tocador de requinta chinesa é também contratado para executar um programa de publicidade que se desenvolve pelas ruas da cidade, de preferência nos pontos onde mais se adensa a população chinesa.
Parece-nos eficazes pelo número de ouvintes que acorrem a ouvi-los ou mesmo a receber amostra dos artigos reclamados.
O tocador que ilustra este apontamento vê-se junto das portas dum pagode, anunciando uma festividade religiosa.
É um dos exemplares que se agarram à tradição e a um modo de vida tão digno como outro qualquer.”
Foto e artigo (não assinado) retirado de Macau B. I. T, 1974.
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