E enquanto meu avô então morria
Ao lado da matriz onde morava
A passeata na rua acontecia
Na festa da primeira oligarquia
Aqui nascida. Os rojões espocavam...
A morte chegando nesse marasmo
De vaias, afinal, acontecera.
Era o povo que gritava inflamado
Pelos poderosos que no passado
Esta cidade tanto adormeceram.
Quase meio século a fantasia
Da mente não consegue ultrapassar.
Tão pequeno o povo se tornou cativo
Do poder de facções interativas
Que teimam sempre em querer retornar.
Os frutos do passado envelhecidos
História não fizeram, só quimeras
Herdadas dos avós que não souberam
Decifrar as diferenças entre as feras
Que comeram nossa fome de progresso.
O major avisava. Ele sabia
Dos planos políticos do lugar
Mas o povo nunca soube entender
Nem exigir e nem compreender
Os direitos e as chances de encontrar.
Nem toda planta dá frutos, Major,
Nem tudo que existe eterno será
Mas parece que o caminho da grandeza,
Do alimento futuro à nova história
É como o pó que flutua sem glória.
E esta gente jamais conhecerá.
(Luiza Valio)
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